Vieira: sermões
Pe António Vieira
Essa obra contém três sermões de António Vieira: "Sermão Pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda", "Sermão do Mandato" e "Sermão da Sexagésima". Vieira possuía uma oratória potente e altamente literária. Seu estilo é claro e belo e as frases do discurso, geralmente curtas e sentenciosas, conservam proporções geométricas. Vieira expõe, disseca, distingue, explica, conclui, numa oratória realmente grandiosa. Seu estilo senecano é utilizado para construção de uma grande obra humana. E acentue-se o "humana".
No "Sermão Pelo Bom Sucesso", Vieira se volta para Deus e tenta colocá-Lo contra a parede, no intuito de fazê-Lo defender o católico Portugal contra os ataques dos calvinistas da Holanda, tidos como hereges por Vieira. O padre barroco usa de ironia para com Deus e utiliza trechos bíblicos por vezes tomados em acepção errada. Sem muitas palavras, basta dizer que seria melhor Vieira não haver pronunciado tal sermão ou que se dirigisse a Deus com mais humildade.
No "Sermão do Mandato" temos uma bela dissertação acerca do amor e de seus encarecimentos e diminuições. Porque Cristo sabia o que estava fazendo, parecendo que não sabia, amou finamente; e porque os homens não sabiam o que estavam fazendo, parecendo que sabiam, foram finamente amados por Cristo. Saber o que é o amor, aonde levará, quem são as pessoas amadas e conhecer-se a si mesmo encarecem em muitos graus o amor de quem ama. Cristo sabia tudo.
O "Sermão da Sexagésima" é uma bela exposição da Arte de Pregar. Primeiro, baseado na Parábola do Semeador, Vieira constata que a culpa de as pregações não estarem fazendo fruto atualmente, não é de Deus, nem dos ouvintes, mas dos pregadores que não pregam o verdadeiro evangelho, que é a preciosa semente. Depois, António Vieira passa a dissertar sobre a boa pregação e sobre os fatores importantes para o sermão: a pessoa do pregador, a ciência que tem, a matéria de que trata, o estilo que utiliza e a voz com que fala. Vieira aproveita também para disferir golpes contra a oratória afetada e obscura de certos padres seus contemporâneos.
O estrangeiro
Albert Camus
Romance existencialista de um filósofo e escritor existencialista. O personagem principal, Mersault, passa por diversas situações difíceis e importantes na vida, como a morte da mãe, a sua prisão e o seu julgamento, mas perante todas elas não demonstra a mínima preocupação, antes, pelo contrário, assume uma postura indiferente e indolente. Ele quer simplesmente existir, sem preocupações morais ou essenciais, sem culpas e sem formalismos, numa existência absurda, em que nem a vida, nem a morte fazem sentido. Tudo terminará em nada. Esse é um bom livro para quem deseja começar a compreender a filosofia existencialista.
Próximas impressões:
- Arte Poética / Aristóteles
- Estética / Kathrin H. Rosenfield
Impressões [1], [2], [3], [4].
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