sábado, 12 de dezembro de 2009

Rápidas impressões sobre livros lidos em 2009 [1]

200 sonetos
Luis Vaz de Camões

Os sonetos de Camões são obras primas da poesia. Nesses 200 sonetos pude perceber o quão tristonhos e sofridos eles são. Camões insistentemente retorna aos temas do desconcerto do mundo, da perda do grande amor e da irrevogabilidade do destino, dentre outros, tendo como palavras-chave "Fortuna", "Amor", "Razão", "Céu", "Ventura", etc. Pude notar também que Camões fala bastante de coisas relacionadas a água, como mar e rio, o que, muito possivelmente, tem por fonte a própria vida do autor, que perdeu a sua amada Dinamene em um naufrágio. Notifique-se também que Camões se utilizava bastante da mitologia greco-romana e, quanto à forma, de expressivas antíteses de termos e de idéias.

Discurso do Método
René Descartes

Famosa obra filosófica em que o autor lança as bases do racionalismo ocidental, buscando estabelecer um método pelo qual o homem pudesse conhecer toda a verdade, inclusive a sua própria existência. O método se divide, grosso modo, em quatro níveis: 1) Não aceitar nenhuma proposição como verdadeira sem que ela se apresente tão evidente e clara que não haja motivo para duvidar. 2) Dividir os problemas mais difíceis de se compreender em partes tão pequenas quanto o necessário. 3) Conduzir as investigações de forma crescente, começando sempre do que é mais fácil e elementar e prosseguindo, conforme a compreensão é fundamentada e acrescida, para os níveis mais complexos. 4) Estabelecer definições e conceitos tão gerais e completos dos quais não possa duvidar de haver incluído todo o necessário neles. Destaque-se que Descartes, embora propusesse colocar todo o conhecimento ainda não fundamentado em dúvida até que se lhe estabelecesse, não enunciava a necessidade de pôr todo esse conhecimento de uma vez em dúvida, mas, pelo contrário, as alterações epistemológicas deveriam ser graduais, como quando alguém reforma uma cidade prédio por prédio e não demolindo todas as casas de uma só vez.

O plano de Deus para a vitória: o significado do pós-milenismo
R.J. Rushdoony
Nesse livro Rushdoony critica forte e, por vezes, agressivamente as vertentes teológicas cristãs pré-milenista e amilenista. Para ele, os que acreditam que Jesus pode vir a qualquer hora buscar a sua igreja levam uma vida desinteressada nos âmbitos cultural e social, não combatendo neles. Para o pós-milenismo, nenhum poder será dado a Satanás e o Reino de Deus será estabelecido na terra quando o cristianismo verdadeiro se impuser, pelo esforço dos cristãos, em todas as áreas da sociedade. Apesar da veemente crítica, Rushdoony não apresenta nenhuma razão necessária que evidencie a veracidade do pós-milenismo e a falsidade do pré-milenismo e do amilenismo.

Próximas impressões:
- Memórias Póstumas de Brás Cubas / Machado de Assis
- Auto da Barca do Inferno / Gil Vicente

Nenhum comentário: