quinta-feira, 29 de novembro de 2018

A descoberta das próprias convicções

A descoberta das próprias convicções é o processo pelo qual o indivíduo pensante enxerga as opiniões que são, em seu coração, realmente suas, aquelas que ele sente e vê com sinceridade serem as mais adequadas à realidade. Ele as distingue das demais opiniões circulantes e diz de si para si que é em tal opinião que de fato crê. Sua opinião não é necessariamente sua no sentido de ele ter sido a fonte única dela. Pode acontecer muito bem de tal opinião ter vindo de outras pessoas e grupos, mas é, porém, aquela que ele vê como mais fidedigna à verdade.

A descoberta das próprias convicções se dá a partir da investigação interior contínua, da sondagem dos próprios pensamentos, da crítica das idéias particulares, no oculto do coração. Tal sondagem usa como instrumento precípuo a palavra. É através dela que o sujeito dirá para si mesmo o que viu, viveu, sentiu e pensou, em suma, expressará a própria história pessoal e buscará a origem das suas idéias, perguntando-se "de onde elas vieram? de quem as recebi?" o que elucida muita coisa.

A expressão contínua da realidade desenvolve o senso da realidade, de modo que a pessoa, tendo tal realidade como referência, pesará a adequação de suas idéias, não se deixando levar por devaneios, histerias ou mentiras, que podem vir de si mesmo, da sociedade em geral ou de demagogos e aproveitadores tão numerosos nos dias de hoje.

O processo é lento e exige uma atividade de sondagem interior diária, contínua, dedicada, para que aos poucos cada idéia seja pesada, analisada, criticada e unificada com outras que se encontram dispersas pela alma. O trabalho de investigação das próprias convicções também implica a unificação do conhecimento e da consciência.

É importante descobrir as próprias convicções para saber o que realmente pensa e não ser guiado por idéias alheias de origens ignoradas, tomando as rédeas das próprias ações.

Porte de armas no Brasil ou O direito à autodefesa

Sou totalmente a favor de que a população brasileira tenha o direito de portar armas na rua, a qualquer horário, porque os bandidos são abusados, assaltam, pressionam psicologicamente as pessoas de bem, fazem males terríveis, estuprando-as e matando-as.

O bandido não é uma vítima da sociedade, um coitadinho inerme, um pobre sofredor faminto. Ele é aquele que faz de vítima a sociedade, aponta para ela um revólver, dá tiros nela, rouba os seus pertences, a humilha e a rebaixa. O brutal é ele, não o cidadão armado ou a polícia fazendo o seu trabalho. O bandido é um flagelo para a sociedade e deve ser tratado com todo o rigor da lei, inclusive sendo executado no caso de oferecer perigo iminente com um fuzil na mão pelas ruas, como defendem alguns políticos.

No Rio de Janeiro, por exemplo, a situação é calamitosa. Os criminosos descem dos morros para as cidades a fim de assaltar  os transeuntes, fazem arrastões, levam bolsas, cordões, celulares, carteiras, dinheiro e deixam a população aterrorizada. Quem defende bandido sob alegações humanitárias é inimigo do povo, é bandido também, não por ter apontado uma arma para alguém, mas por criar as condições mentais, culturais e ideológicas favoráveis ao banditismo que assola o Brasil.

Ainda bem que o Bolsonaro ganhou as eleições e com ele vários políticos direitistas que prometem combater ferozmente a bandidagem. A ferocidade policial e legal é o que os bandidos merecem por fazerem o tremendo mal que fazem ao povo brasileiro.

sábado, 9 de abril de 2016

Novo blog

No blog Bouffon Rouge, tenho postado reflexões, pinturas, poemas e outras coisas. Comecei a publicar também o livro Introdução ao Conhecimento da Mente Humana, do Marquês de Vauvenargues, que traduzi para o Português.
Tive o primeiro contato com a obra de Vauvenargues a partir de indicação do filósofo Mário Ferreira dos Santos e recomendo a todos a leitura.
Para acompanhar as postagens, o endereço é: bouffonrouge.blogspot.com.br 

Procure também a tag "vauvenargues".

domingo, 16 de novembro de 2014

quarta-feira, 13 de março de 2013

Lamento de Israel e Sôbolos rios que vão

Sôbolos rios que vão
                                  Camões
1
Sôbolos rios que vão
por Babilónia, me achei,
Onde sentado chorei
as lembranças de Sião
e quanto nela passei.
Ali, o rio corrente
de meus olhos foi manado,
e, tudo bem comparado,
Babilónia ao mal presente,
Sião ao tempo passado.

2
Ali, lembranças contentes
n'alma se representaram,
e minhas cousas ausentes
se fizeram tão presentes
como se nunca passaram.
Ali, depois de acordado,
co rosto banhado em água,
deste sonho imaginado,
vi que todo o bem passado
não é gosto, mas é mágoa.

3
E vi que todos os danos
se causavam das mudanças
e as mudanças dos anos;
onde vi quantos enganos
faz o tempo às esperanças.
Ali vi o maior bem
quão pouco espaço que dura,
o mal quão depressa vem,
e quão triste estado tem
quem se fia da ventura.

4
Vi aquilo que mais val,
que então se entende milhor
quanto mais perdido for;
vi o bem suceder o mal,
e o mal, muito pior,
E vi com muito trabalho
comprar arrependimento;
vi nenhum contentamento,
e vejo-me a mim, que espalho
tristes palavras ao vento.

5
Bem são rios estas águas,
com que banho este papel;
bem parece ser cruel
variedade de mágoas
e confusão de Babel.
Como homem que, por exemplo
dos transes em que se achou,
despois que a guerra deixou,
pelas paredes do templo
suas armas pendurou:

6
Assi, despois que assentei
que tudo o tempo gastava,
da tristeza que tomei
nos salgueiros pendurei
os órgãos com que cantava.
Aquele instrumento ledo
deixei da vida passada,
dizendo: -- Música amada,
deixo-vos neste arvoredo
à memória consagrada.

7
Frauta minha que, tangendo,
os montes fazíeis vir
para onde estáveis, correndo,
e as águas, que iam decendo,
tornavam logo a subir:
jamais vos não ouvirão
os tigres que se amansavam,
e as ovelhas, que pastavam,
das ervas se fartarão
que por vos ouvir deixavam.

8
Já não fareis docemente
em rosas tornar abrolhos
na ribeira florecente;
nem poreis freio à corrente,
e mais, se for dos meus olhos.
Não movereis a espessura,
nem podereis já trazer
atrás vós a fonte pura,
pois não pudeste mover
desconcertos da ventura.

9
Ficareis oferecida
à Fama, que sempre vela,
frauta de mim tão querida;
porque, mudando-se a vida,
se mudam os gostos dela.
Acha a tenra mocidade
prazeres acomodados,
e logo a maior idade
já sente por pouquidade
aqueles gostos passados.

10
Um gosto que hoje se alcança,
amanhã já o não vejo;
assi nos traz a mudança
de esperança em esperança,
e de desejo em desejo.
Mas em vida tão escassa
que esperança será forte?
Fraqueza da humana sorte,
que, quanto da vida passa,
está receitando a morte?

11
Mas deixar nesta espessura
o canto da mocidade,
não cuide a gente futura
que será obra da idade
o que é força da ventura.
Que idade, tempo, o espanto
de ver quão ligeiro passe,
nunca em mim puderam tanto
que, posto que deixe o canto,
a causa dele deixasse.

12
Mas, em tristezas e nojos,
em gosto e contentamento,
por sol, por neve, por vento,
tendré presente á los ojos
por quien muero tan contento.
Órgãos e frauta deixava,
despojo meu tão querido,
no salgueiro que ali estava
que para troféu ficava
de quem me tinha vencido.

13
Mas lembranças da afeição
que ali cativo me tinha,
me perguntaram então:
que era da música minha
que eu cantava em Sião?
Que foi daquele cantar
das gentes tão celebrado?
Porque o deixava de usar?
Pois sempre ajuda a passar
qualquer trabalho passado.

14
Canta o caminhante ledo
no caminho trabalhoso,
por entre o espesso arvoredo;
e, de noite, o temeroso,
cantando, refreia o medo.
Canta o preso docemente
os duros grilhões tocando;
canta o sagador contente;
e o trabalhor, cantando,
o trabalho menos sente.

15
Eu, que estas cousas senti
n'alma, de mágoas tão cheia,
- Como dirá, respondi,
quem alheio está de si
doce canto em terra alheia?
Como poderá cantar
quem em choro banha o peito?
Porque, se quem trabalhar
canta por menos cansar,
eu, só, descansos enjeito.

16
Que não parece razão
nem seria cousa idónea,
por abrandar a paixão,
que cantasse em Babilónia
as cantigas de Sião.
Que, quando a muita graveza
de saudade quebrante
esta vital fortaleza,
antes moura de tristeza
que, por abrandá-la, cante.

17
Que se o fino pensamento
só na tristeza consiste,
não tenho medo ao tormento:
que morrer de puro triste,
que maior contentamento?
Nem na frauta cantarei
o que passo, e passei já,
nem menos o escreverei,
porque a pena cansará,
e eu não descansarei.

18
Que, se a vida tão pequena
se acrescenta em terra estranha,
e se amor assi o ordena,
razão é que canse a pena
de escrever pena tamanha.
Porém se, para assentar
o que sente o coração,
a pena já me cansar,
não canse para voar
a memória em Sião.

19
Terra bem-aventurada,
se, por algum movimento,
d'alma me fores mudada,
minha pena seja dada
a perpétuo esquecimento.
A pena deste desterro,
que eu mais desejo esculpida
em pedra, ou em duro ferro,
essa nunca seja ouvida,
em castigo de meu erro.

20
E se eu cantar quiser,
em Babilónia sujeito,
Hierusalém, sem te ver,
a voz, quando a mover,
se me congele no peito.
A minha língua se apegue
às fauces, pois te perdi,
se, enquanto viver assi,
houver tempo em que te negue
ou que me esqueça de ti.

21
Mas ó tu, terra de Glória,
se eu nunca vi tua essência,
como me lembras na ausência?
Não me lembras na memória,
senão na reminiscência.
Que a alma é tábua rasa,
que, com a escrita doutrina
celeste, tanto imagina,
que voa da própria casa
e sobe à pátria divina.

22
Não é, logo, a saudade
das terras onde nasceu
a carne, mas é do Céu,
daquela santa Cidade,
donde esta alma descendeu.
E aquela humana figura,
que cá me pode alterar,
não é quem se há-de buscar:
é raio da Fermosura,
que só se deve de amar.

23
Que os olhos e a luz que ateia
o fogo que cá sujeita,
não do sol, mas da candeia,
é sombra daquela Ideia
que em Deus está mais perfeita.
E os que cá me cativaram
são poderosos afeitos
que os corações têm sujeitos;
sofistas que me ensinaram
maus caminhos por direitos.

24
Destes o mando tirano
me obriga, com desatino,
a cantar ao som do dano
cantares de amor profano
por versos de amor divino.
Mas eu, lustrado co santo
Raio, na terra de dor,
de confusão e de espanto,
como hei-de cantar o canto
que só se deve ao Senhor?

25
Tanto pode o benefício
da Graça, que dá saúde,
que ordena que a vida mude;
e o que tomei por vício
me faz grau para a virtude;
e faz que este natural
amor, que tanto se preza,
suba da sombra ao Real,
da particular beleza
para a Beleza geral.

26
Fique logo pendurada
a frauta com que tangi,
ó Hierusalém sagrada,
e tome a lira dourada,
para só cantar de ti.
Não cativo e ferrolhado
na Babilónia infernal,
mas dos vícios desatado,
e cá desta a ti levado,
Pátria minha natural.

27
E se eu mais der a cerviz
a mundanos acidentes,
duros, tiranos e urgentes,
risque-se quanto já fiz
do grão livro dos viventes.
E tomando já na mão
a lira santa e capaz
doutra mais alta invenção,
cale-se esta confusão,
cante-se a visão da paz.

28
Ouça-me o pastor e o Rei,
retumbe este acento santo,
mova-se no mundo espanto,
que do que já mal cantei
a palinódia já canto.
A vós só me quero ir,
Senhor e grão Capitão
da alta torre de Sião,
à qual não posso subir,
se me vós não dais a mão.

29
No grão dia singular
que na lira o douto som
Hierusalém celebrar,
lembrai-vos de castigar
os ruins filhos de Edom.
Aqueles que tintos vão
no pobre sangue inocente,
soberbos co poder vão,
arrasai-os igualmente,
conheçam que humanos são.

30
E aquele poder tão duro
dos afeitos com que venho,
que encendem alma e engenho,
que já me entraram o muro
do livre alvídrio que tenho;
estes, que tão furiosos
gritando vêm a escalar-me,
maus espíritos danosos,
que querem, como forçosos,
do alicerce derrubar-me;

31
Derrubai-os, fiquem sós,
de forças fracos, imbeles,
porque não podemos nós
nem com eles ir a Vós
nem sem Vós tirar-nos deles.
Não basta minha fraqueza
para me dar defensão,
se vós, santo Capitão,
nesta minha fortaleza
não puserdes guarnição.

32
E tu, ó carne que encantas,
filha de Babel tão feia,
toda de misérias cheia,
que mil vezes te levantas,
contra quem te senhoreia:
beato só pode ser
quem, co a ajuda celeste,
contra ti prevalecer,
e te vier a fazer
o mal que lhe tu fizeste.

33
Quem, com disciplina crua,
se fere que ua vez,
cuja alma, de vícios nua,
faz nódoas na carne sua,
que já a carne n'alma fez.
E beato quem tomar
seus pensamentos recentes
e em nacendo os afogar,
por não virem a parar
em vícios graves e urgentes.

34
Quem com eles logo der
na pedra do furor santo,
e, batendo, os desfizer
na Pedra, que veio a ser
enfim cabeça do Canto;
quem logo, quando imagina
nos vícios da carne má,
os pensamentos declina
àquela Carne divina
que na Cruz esteve já;

35
Quem do vil contentamento
cá deste mundo visível,
quanto ao homem for possível,
passar logo o entendimento
para o mundo inteligível:
ali achará alegria
em tudo perfeita e cheia
de tão suave harmonia,
que, nem por pouca, recreia,
nem, por sobeja, enfastia.

36
Ali verá tão profundo
mistério na suma Alteza,
que, vencida a natureza,
os mores faustos do mundo
julgue por maior baixeza.
Ó tu, divino aposento,
minha pátria singular!
Se só com te imaginar
tanto sobe o entendimento,
que fará se em ti se achar?

37
Ditoso quem se partir
para ti, terra excelente,
tão justo e tão penitente
que, depois de a ti subir
lá descanse eternamente.

(Para ouvir este poema lido,clique aqui.)

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Mais de 15.000 visualizações

Passamos de mais de 15.000 visualizações de páginas deste blog desde seu início. Obrigado a todos e obrigado aos que continuaram acessando o PAGINCA nesse grande período de pouquíssima atividade.

sábado, 1 de setembro de 2012

Os pobres de espírito


Jesus Cristo, que é o Senhor Todo-poderoso, disse certa vez, no começo de seu ministério na terra:

"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus." Evangelho de Mateus, 5.

As pessoas espirituosas, comunicativas, carismáticas,  que se relacionam habilidosa e espontaneamente com outras pessoas, mas que se esquecem de Deus e não lembram de seu Filho amado Jesus Cristo, o Verbo de Deus, são pessoas desaventuradas. Porém, os pobres de espírito, que têm dificuldades no relacionamento interpessoal, cuja presença muitas vezes nem é notada, gentes sem muita comunicabilidade, que no entanto se apegam ao Nosso Senhor Jesus Cristo e confiam nele são felizes e bem-aventurados, porque o reino dos céus é deles. Se você não é espirituoso, nem carismático, não force a barra tentando ser quem não é. Arrependa-se dos seus pecados, chame por Jesus Cristo, porque com certeza ele vai ouvir você. Em Atos 2 está escrito que acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Isso serve para você, é promessa de Deus, cujas palavras são perfeitas e cujas promessas sempre alcançam o pleno cumprimento. Confia em Jesus Cristo e deixe que ele trabalhe no seu coração, enchendo seu espírito de vida.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Martin Luther King: "meus olhos têm visto a glória da vinda do Senhor"

"[...] Se nos vêm dias difíceis; porém a mim agora não me importa, porque tenho estado lá em cima na montanha. Não me importa. Como qualquer pessoa, eu gostaria de viver uma longa vida. A longevidade tem o seu lugar. Porém, isso não me preocupa agora. Eu quero apenas fazer a vontade de Deus. E Ele tem me permitido subir a montanha, e tenho olhado, e tenho visto a Terra Prometida. Pode ser que não chegue lá com vocês. Porém, quero que vocês saibam nesta noite que nós, como povo, chegaremos à Terra Prometida! Assim que estou feliz nesta noite, nada mais me preocupa, não temo a homem nenhum, meus olhos têm visto a glória da vinda do Senhor!"
Martin Luther King em seu último discurso (com leves mudanças na legenda do vídeo)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A sombra da cruz nos ombros de Isaque

Abraão olhou de longe e viu o lugar onde deveria sacrificar Isaque, seu único filho, a quem amava. Disse para os dois rapazes seus companheiros até aquele momento da caminhada ficassem ali com o jumento. Havia um espaço de terra a percorrer-se, um caminho até o local. Abraão pôs a lenha sobre Isaque, e nisso simbolizou, com tempos de antecedência, o que Cristo faria ao tomar a cruz sobre os ombros e levá-la até o lugar da crucificação.

Deus cumpre Suas promessas

Deus sempre cumpre Suas promessas, nunca falha. Abraão, na época chamado Abrão, recebeu uma grande promessa do Senhor: que seria feito uma grande nação (Gn 12). Mas era velho, Sara também. O tempo passou, envelheceram mais, Deus confirmou a promessa, Abraão riu, Sara riu, mas, por fim, no capítulo 21 do Livro de Gênesis, lemos:

"E o Senhor visitou a Sara, como tinha dito; e fez o Senhor a Sara como tinha falado." (Gn 21.1)

Confie na Palavra de Deus e nunca desista de Suas promessas.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

10.000 visualizações no PAGINCA

O contador de páginas visualizadas do Blogger está, nesta manhã, em 10.000 acessos. A postagem de comemoração das mais de 5.000 visitas, publicada em 20/05/2011, baseava-se no contador do Clustrmaps, que está com número menor. Muito obrigado a todos que acessaram o PAGINCA. Retornem ao blogue e participem nos comentários, porque o chamado feedback é importante para mim.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Peregrinação: Capítulo II

ALÉM DA FRONTEIRA

Quando Fernando cruzou os limites do país onde o decreto sanguinário vigorava, a noite obumbrava as terras e matas que surgiam. Um tênue brilho estelar clareava no silêncio as folhagens verde-escuras das árvores numerosas. Nem pássaro cantava, nem vento gemia. Ouvia-se apenas o manso caminhar de algum ribeiro, serpenteando pela estranha terra, bem próximo dali.

Fernando então escutou o crepitar de galhos secos junto à vereda em que seguia e interrompeu os passos bruscamente. A polícia nacional estava à procura dos fugitivos para fazê-los regressar ao jugo do decreto e puni-los severamente pela desobediência, pela rebeldia, pela traição. Todos os trabalhadores que tiveram a ousadia de levantar-se contra a palavra do príncipe deveriam sofrer duplamente as punições da potente mão de ferro do governo. A inteligentíssima e disciplinada guarda nacional os encontraria certamente. A fúria do governador lhes forneceria toda a necessária motivação para isso.

Do lado oposto da vereda, próximo à outra borda do caminho, surgiu um farfalhar de folhas pelo chão. Alguém parecia caminhar por ali também. Fernando escutava os passos aproximarem-se de si numa constância pressurosa e o seu coração saltava fortemente dentro do peito. Ser capturado agora seria pior do que a morte? Realmente sim. Não tanto pelo claustro nem muito pela tortura dolorosa e todo seu amargo sofrimento, mas pelo distanciamento eterno da pátria amada. Privassem Fernando da liberdade física e lhe causassem muitas dores de tortura, o sonho esperançoso da feliz morada lhe encheria os sentimentos daquela virtude poderosa que capacita a suportar as adversidades e tribulações e condiciona a recomeçar sempre tudo novamente. Tirem tudo de Fernando, mas lhe deixem a esperança, e outra vez se erguerá das cinzas e do pó para bradar inda mais forte o nome imenso da sua pátria. Parece inútil tentar tirar-lhe a esperança. Fernando guarda o coração, por isso permanece caminhando. Assim, pela confiança de alcançar a pátria alegre, estava disposto a defender-se dos inimigos com todo o seu vigor. Fechava os punhos para o combate. Alternava o olhar para ambos os lados do caminho. Não enxergava nada de anormal, ouvia apenas o som das folhas e o estalar dos galhos, quando um grito poderoso de comando bradou de repente e num brevíssimo instante os passos das duas margens da vereda precipitaram-se velozmente em sua direção. Fernando, assustado, sentiu uma pancada dolorosa na cabeça, vagamente pode ver um rosto de pessoa à sua frente, e logo desmaiou.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Peregrinação: Capítulo I

TEMPOS DIFÍCEIS

Fernando se encontrava numa terra distante da sua pátria, no meio de costumes esquisitos, ouvindo outro idioma distinto da sua prazerosa e fácil língua-mãe. Por estas paragens estrangeiras, os dias amarguravam-se mais e mais, as notícias dolorosas multiplicavam-se, emergindo do nada para a existência cotidiana a cada nova manhã. A justiça se afrouxava, o juízo saía pervertido, a moral e o respeito eram trocados pela imoralidade e ignomínia, os bons padrões de convivência humana evolavam-se e sumiam-se nos ares, o ímpio reinava e o povo suspirava longamente. Havia uma infelicidade geral na terra.

Pátria! Quanta saudade! O país remoto, a saudosa nação de Fernando, cheia de lembranças suaves, de alegrias tranqüilas, toda felicidade, toda paz, toda sossego, os marulhosos rios das cantilenas ditosas, o gorjeio das multidões de pássaros em revoada, as palmeiras conversosas, tudo lhe recheava as horas com pensamentos agradáveis. Os cânticos eram doces, os sorrisos sinceramente frouxos; a nação inteira unida em torno de um único propósito. Como, agora, cantar os hinos antigos de folguedo no desterro inexpugnável e fazer vibrar nos instrumentos nacionais a sincera alegria de outros tempos?

Na indústria, Fernando se esforçava para trabalhar honestamente, mas seus patrões lhe impunham cargas excessivas de serviço, faziam-lhe embrutecidas cobranças de resultados e lhe pagavam salários de menos.

Entenebrecia-se o cenário do país. Certo dia, o governante maior, como já podia prever-se pelo correr dos acontecimentos, baixou em todo território um decreto onde aprovava cristalinamente a legalidade da livre perseguição aos compatriotas de Fernando. Houve um não pequeno pranto naquele país e amarga tristeza no meio do povo. O decreto, porém, era irrevogável. Assim, pois, o povo perseguido apressou-se a fugir dos limites territoriais submetidos à nova lei promulgada, mas infelizmente alguns foram alcançados antes da realização da fuga. Dentre eles, alguns sofreram torturas e prisões, outros entraram contra vontade em grandes vagões de trem cujo destino era os campos de trabalho forçado de terras frias e distantes, e houve mesmo quem morresse tristemente nas inomináveis câmaras de gás. Fernando, porém, e outros seus compatriotas, conseguiram cruzar as fronteiras e entrar assim numa peregrinação que lhes anunciava muitas dificuldades espreitando no caminho, mas cujo fim era o retorno ao lar saudoso, à pátria inesquecível de alegria transbordante, onde os campos eram extremamente coloridos, de um verde quase resplandecente, o ar puríssimo e saudável, as claras águas frescas espelhando os raios do sol belíssimo e onde toda a plenitude da felicidade enchia os sentimentos. Fernando carregava no coração o gracioso desejo de contemplar essa pátria onde reina eterno amor, a feliz morada.

Peregrinação: uma narrativa aqui no PAGINCA

Começarei a publicação aqui no PAGINCA de uma narrativa cujo protagonista será Fernando, um homem ou um rapaz que entra numa peregrinação por motivo que se saberá logo no primeiro capítulo. Tentarei manter uma freqüência semanal de publicação.

A idéia de peregrino e peregrinação não é estranha da Literatura, seja pela narrativa do cronista renascentista português Fernão Mendes Pinto, quando relata suas aventuras e desventuras pelos mares asiáticos na época dos descobrimentos marítimos portugueses, seja pela alegoria da vida cristã criada pelo puritano inglês John Bunyan no seu clássico O Peregrino.

A composição em breve se seguirá, se Deus quiser.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Resposta ao comentário

Na postagem "Você quer deixar o homossexualismo?" de 31 de Outubro de 2009, onde apoiei a quem deseja abandonar essa vida de pecado, recebi um comentário anônimo de uma pessoa que utiliza na mensagem o codinome Ricardo Garcia. É um jovem criado em lar cristão, mas que há dez anos luta contra o homossexualismo. Ele pede minha ajuda, não sabe o que fazer. Segue abaixo minha resposta ao comentário. Ele não deixou email e me disse que poderia responder-lhe no Site mesmo. (Tentei postar a resposta na seção de comentários da postagem, mas o texto excede à quantidade permitida de caracteres.)
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Ricardo, Jesus é Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da eternidade e Príncipe da paz. Também é Onisciente, de modo que conhece todas as coisas, inclusive os nossos pensamentos, sentimentos e vontade mais íntimos. Ele é Onipotente: pode todas as coisas, ainda mesmo reverter as situações mais difíceis e desesperadas. Como Ele é também Onipresente, não há maneira de fugir da presença de Deus, pois no abismo mais profundo ou na montanha mais alta, Jesus Cristo reina soberanamente. Ele é o Senhor.

Sobre seu comentário, primeiramente, gostaria de lhe dizer que você já se enxerga e se encontra na luta contra o homossexualismo; sabe conscientemente que é uma prática abominável. Ademais, você também já testemunhou o amor de Deus para contigo e está ciente de que Jesus conhece a batalha que enfrenta; deseja servir a Deus e, apesar de viver esse conflito, não se entrega a práticas homossexuais. Todos esses aspectos demonstram a sua inconformidade com o pecado do homossexualismo. Isso é bom, porque você não está cego espiritualmente, não perdeu a noção de certo e errado, e, ainda que a sua carne se incline para o pecado, o seu espírito luta contra ele. Você precisa da graça de Deus para resolver no seu coração esse dilema.

Como primeiro conselho, posso dizer a você para se distanciar ou ao menos evitar estímulos que incitem ao homossexualismo, presentes em certos programas de televisão, na internet e em outros lugares. O ser humano influencia-se muito por aquilo com o que tem contato. A coisa funciona semelhantemente ao que podemos perceber no relato bíblico de certa passagem da vida de Jacó. Ele entendeu (ou pelo menos acreditou) que poderia determinar a cor das ovelhas de Labão, seu patrão e sogro, pondo perante os olhos delas galhos verdes de plantas descascados em riscas brancas, listrados, sempre que o rebanho ia beber água nas pias. Acontecia que as ovelhas concebiam seus filhotes, dando crias listradas, salpicadas e malhadas. Quando Jacó já não queria ovelhas listradas, não colocava mais os galhos perante o rebanho. Da mesma maneira, se o ser humano recebe freqüentemente estímulos para determinada coisa, sua mentalidade modela-se por eles.(ver Gênesis 30.37-43).

Segundo conselho: procure encher os pensamentos com a Palavra de Deus, memorize versículos bíblicos, pense neles, para que Deus transforme o seu coração através da Palavra dele. Não basta haver lido a Bíblia uma vez e haver conhecido as Sagradas Escrituras no passado. Temos necessidade de meditar na Lei do Senhor todos os dias, de dia e de noite. Certamente assim você será bem-aventurado e próspero em tudo quanto fizer. (ver o Salmo 1 e Josué 1).

Em terceiro lugar, não se entregue nunca nessa luta, não se desespere, não pense haver perdido a guerra. O sangue de Jesus Cristo purifica o homem de todo o pecado.

Em quarto lugar, entrega o teu caminho ao Senhor, confia n'Ele e tudo Ele fará (Salmos 37.5). Não digo apenas quanto à conversão a Jesus Cristo, mas também a confiar sinceramente a Deus todas as fraquezas, suplicando-lhe a graça transformadora, lançando sobre Ele toda a ansiedade e confiando no cuidado d'Ele, aprendendo a esperar em Cristo.

Quinto, não pense que você nunca se casará com uma mulher porque hoje você não sente atração por nenhuma e não se deprima com a ausência de expectativa quanto à formação futura de uma família. Deus muda pessoas, transforma, ajuda, regenera, através de Jesus Cristo, que morreu na cruz do Calvário e ressuscitou ao terceiro dia, para que todo aquele que n'Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16). A sua situação não é pior do que a morte, e mesmo a morte Jesus Cristo venceu. Tenha esperança.

Sexto, não aceite pressões psicológicas. Conheça-se bem a si mesmo.

Sétimo, afinal, verifique em si a existência de evidências de um genuíno novo nascimento e a presença em sua vida do verdadeiro arrependimento. Essa análise pode ser empreendida apenas por você mesmo, porque o lugar profundo do coração humano conhece-se apenas pelo próprio homem e pelo Deus Onisciente.

Espero haver ajudado a você com essas palavras e fico à disposição para responder quaisquer outras eventuais perguntas.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Leitura recomendada II

Nas dificuldades mais contrárias, nos labirintos dolorosos da existência, o homem tende a resumir toda a situação em que vive às paredes lisas de um quarto fechado e vazio. A Palavra de Deus eleva a visão humana para uma posição superior de onde poderá perceber que para além dos altos muros da cidade existem campos verdejantes e rios caudalosos. O quadro inteiro ganha novas dimensões, nasce a esperança e surge no coração a força para que ele possa então portar-se de maneira paciente nas tribulações, aguardando o ponto final das angústias. Entretanto, as dores retornam em instâncias posteriores, porque a condição humana no mundo tornou-se áspera. Não houve quem passasse por estas paragens sem nunca experimentar o sabor amargo do sofrimento, nem haverá. Quando pois retornam os momentos doridos, o campo de visão humano se fecha sobre aquela adversidade e o padecente passa a esquecer-se de tudo o mais. Porém, a Palavra de Deus vem outra vez alevantar seus olhos e lhe fazer perceber que embora os montes sejam altos Deus está acima deles e lhes é superior.

Esse movimento de fixação no sofrimento se repete constantemente de maneira que a meditação bíblica deve repetir-se todos os dias, de dia e de noite. Quem assim persevera na leitura das Sagradas Letras e permanece na confiança em Deus nunca será engolido pelas tribulações da dura existência humana. Então, não esqueça: leia a Bíblia.

sábado, 26 de novembro de 2011

Leitura recomendada

Leia a Bíblia. O conselho eterno de Deus para os seres humanos registrou-se nos livros formadores dessa maravilhosa biblioteca. Acervo vasto escrito através da fluência dos séculos por mãos variadas de grandes homens de Deus. Seu conteúdo abrange as maravilhas acontecidas desde a criação do universo pelo Verbo divino, narrando-nos fatos de vida dos patriarcas hebreus, passando pela escravidão israelita em terras egípcias e o seu posterior livramento por entre os muros das águas do Mar Vermelho; o estabelecimento da Lei, pilar da sociedade judaica, juízes, profetas, templos, o anjo preparador do caminho do Messias, voz clamante no deserto, e Jesus Cristo, o Messias, Filho de Deus, vindo ao mundo na plenitude dos tempos, suas palavras vivificadoras, sua incomparável sabedoria, seu caráter, sua personalidade, sua vida, sua morte, sua ressurreição, sua ascensão e glorificação. Os apóstolos e a Igreja primeira, sua doutrina, a descida do Espírito Santo, o Consolador prometido por Jesus, a salvação pela graça, a regeneração, a remissão dos pecados, a liberdade pelo conhecimento de Cristo, a Nova Aliança, Novo Testamento, a evangelização da paz e a abolição da inimizade, parede divisora entreposta a separar judeus e gentios, os conselhos e repreensões às sete igrejas da Ásia, as trombetas, os selos, o fim dos tempos, novos céus e nova terra. Além dessas coisas, além de muitos outros fatos reais, grandiosos, exemplares, nas sagradas linhas, nos versículos eternos, há uma alegria indescritível e gloriosa, ânimo, força, graça, inteligência, entendimento, e mais. Por isso, não deixe de ler a Bíblia, sob a graça de Deus, as palavras de vida eterna, que são luz para os pés e lâmpada para o caminho.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Limpos de coração


“Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” Mateus 5.8

No grande e terrível dia do encontro com Deus, os homens que trouxerem os seus corações puros verão a Deus. Deus é glorioso, supremo em majestade, o seu esplendor é mais intenso e forte do que o resplendor do sol quando fulge na grandeza de toda a sua força, dourando as nuvens do céu, enrubescendo a imensidade poente. Deus é mais lindo, mais sublime, do que tudo o mais belo que já temos visto no mundo, nada alcança a magnitude da beleza da sua face. Ninguém a viu, mas “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Sl 19.1).

Nesse dia do encontro com Deus nos céus, os limpos de coração poderão contemplar a glória suprema do eterno Criador, que vive desde sempre, de eternidade em eternidade. A visão da face de Deus será a visão mais magnífica que nós nem podemos hoje imaginar. Quereremos vê-la mais e mais e a veremos por toda a eternidade. Entretanto, o versículo fala dos limpos de coração. Os que estiverem com o coração sujo por pecados não poderão ver a face de Deus.

O coração do homem se suja pelos olhos do homem, por sua boca, por seus ouvidos, por suas mãos, pelos seus maus pensamentos. O adultério, a prostituição, o homossexualismo, a mentira, o orgulho, a inveja e outros muitos mais tipos de pecado, que podemos conferir na Bíblia Sagrada, sujam o coração do homem, de modo que ficarão de fora dos céus os que tais coisas fazem, como nos atesta Apocalipse 22.15, 21.8 e 1 Aos Coríntios 6.9-10.

Deus quer que todos se salvem e o sangue de Jesus Cristo, derramado na cruz, purifica o homem de todo o pecado. Deus quer que você entre nos céus. Ele está interessado nisso. Jesus Cristo pagou um altíssimo preço na cruz do Calvário, fez uma obra extraordinária, por te amar de uma forma incalculável, para que você, arrependendo-se dos teus pecados, confessando-os a Cristo, invocando o seu magnífico nome, fosse perdoado, purificado, salvo, transformado numa nova criatura, havendo nascido de novo, da água e do Espírito, e pudesse ver a Deus, face a face nos céus um dia. Assim, pois, ficam as palavras ditas no Sermão do Monte pelo maravilhoso e eterno Senhor e Salvador Jesus Cristo, que foi dado por Deus “para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” Mt 5.8