Vidas Secas
Graciliano Ramos
"Vidas Secas" é a estória de uma sofrida família do Sertão, que sai de sua cidade por causa de uma grande seca e segue em busca de um lugar para viver. Vão Fabiano, sua esposa, seus dois filhos e a cachorra Baleia caminhando num sol fortíssimo por um grande deserto. O romance começa nesse instante. Depois de muito caminhar, a família se depara com a morte, mas Baleia os salva arranjando alimentos para eles. Encontram uma fazenda abandonada e se instalam por lá, cuidando de vacas e de porcos, entre outras coisas. Eles se apegam à fazenda, o tempo melhora, começam as chuvas, tudo parece ir bem; a chuva causa uma enchente e a fazenda e a família correm perigo. Nem no sol, nem na chuva encontram descanso e estabilidade. A trama prossegue e encontra o seu fim com a família deixando novamente uma moradia e partindo para outro lugar, já sem a cachorra Baleia.
Nesta obra, Graciliano Ramos se esmerou bastante na descrição psicológica das personagens, que são pessoas rudes, simples e sem instrução, que buscam sempre por alguma coisa melhor, mas em tudo frustradas. Destaca-se Fabiano, homem austero, severo de personalidade, mas que não sabe articular sem problemas uma seqüência lógica de pensamentos. Sua comunicação se dá por gruinhos e barulhos diversos na maioria das vezes. Fabiano é homem bravo com a família, mas fraco de personalidade perante as pessoas da cidade. Não sabe fazer contas e entra em situações difíceis e humilhantes por causa de atitudes impensadas. O autor de "Vidas Secas" passa uma visão determinista da realidade, se aproximando bastante do darwinismo ao quase nivelar os seres humanos aos animais, como na comparação que podemos fazer entre a esperta cachorra Baleia e o bruto homem Fabiano. A família da estória vive uma vida muito sofrida, infeliz, sem vitórias consideráveis, vivendo ao acaso das circunstâncias e sem esperanças concretizadas. Não sei qual a intenção do autor, mas espero que não tenha sido a de descrever os sertanejos do mundo real. Pelo que sei, não conheço nenhum sertanejo, mas espero que, se sofridos, se austeros, tenham na vida muitas vitórias, e tenho certeza que não vivem debaixo de um determinismo que quase os nivela aos animais; espero que tenham esperanças concretizadas e muita dignidade.
A oração da coroa
Demóstenes
Demóstenes foi um dos maiores oradores de todos os tempos e "A oração da coroa" uma das obras primas da arte oratória. O autor se mostrou uma pessoa altamente dedicada, porque tinha problemas de dicção e dificuldades respiratórias. Para vencer a má dicção, colocava pequenas pedras na boca e discursava na praia, também com o intuito de, lutando contra o barulho das águas, acostumar-se ao barulho das multidões. Para triunfar sobre os problemas respiratórios, subia os morros da Grécia correndo e declamando poemas. Além disso, para melhorar o estilo da enunciação, Demóstenes se fechou em um porão e copiou toda a História de Tucídides. Nesses aspectos, foi um exemplo de dedicação e alcançou uma oratória elevada, mas jogou tudo de água abaixo quando se matou.
Depois de muito tempo que atuou na política da Grécia, combatendo o macedônio Filipe II, pai de Alexandre Magno, os atenienses, mais especificamente Ctesifonte, decidiram dar a Demóstenes uma coroa de louro na ocasião das encenações no teatro. A isso, o orador e político Ésquines levantou uma muito frágil acusação. Demóstenes não se impediu de esmagar todo o libelo com uma defesa de estilo esmerado, mas cuja argumentação se demonstrou impetuosa e violenta. O resultado foi que Ésquines não só perdeu a causa, sendo Ctesifonte e Demóstenes inocentados, mas o tal acusador foi mesmo condenado ao exílio.
Auto da Lusitânia
Gil Vicente
Mais um auto de Gil Vicente, humanista católico, que possui uma estruturação interessante, utilizando-se do atualmente chamado mise-en-abyme, que na prática significa uma estória dentro da outra, implicando numa mudança de nível. Os níveis da peça são três: 1) Farsa dos judeus, que conta a estória de uma família judia e do cristão, o "Cortesão", que queria casar-se com uma moça da família, a "Lediça"; 2) Fantasia alegórica, que narra o surgimento do povo português antes da formação do Estado, a partir do casamento de Lusitânia, filha de Lisibea, com Portugal, grande caçador; e 3) Moralidade, que apresenta a conversa de Berzabu e Dinato (dois diabos), num plano, e a de Todo o Mundo e Ninguém, noutro. A peça é feita em versos heptassilábicos (redondilha maior) rimados. A peça é engraçada, com forte crítica social e moral, e apresenta aspectos ecumênicos, como a sugestão representada pela vontade do cristão de casar-se com a judia "Lediça", por exemplo.
Próximas Impressões:
- A Liberdade do Cristão - Sincera Admoestação a Todos os Cristãos - Da Autoridade Temporal / Lutero
- O cão dos Baskervilles / Sir Arthur Conan Doyle
Impressões da postagem [2]:
- Vidas Secas / Graciliano Ramos
- A oração da Coroa / Demóstenes
- Auto da Lusitânia / Gil Vicente
Veja as impressões [1] e [2]
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Rápidas impressões sobre livros lidos em 2009 [2]
Memórias Póstumas de Brás Cubas
Machado de Assis
A leitura desse livro é pesada, mas nela fica evidente a destreza da pena de um grande escritor. Machado de Assis sabia lidar com as palavras: frases curtas, sentenciosas, ambíguas, misteriosas, estilo senecano. Contudo - aqui muitos discordarão e eu lhes peço paciência - , Machado de Assis não é o tipo de leitura que me agrada. É um texto pessimista, que critica severamente, talvez, que expõe as mazelas da sociedade da época, talvez, mas que acaba por não nos trazer um ensinamento ou uma lição útil, positiva e verdadeira para nós. Platão já dizia que imitar o vício é fácil, mas a virtude não. O que Machado faz é imitar os vícios de uma sociedade corrompida e desvirtuada, caindo num pessimismo muito grande, porque não anuncia, literariamente que fosse, nenhuma saída. Em Machado, muita coisa é ambígua, muita coisa é misteriosa, muita coisa é imprecisa, o que acaba por nos deixar num vazio ao final das obras. Com certeza, há o prazer na leitura literária, mas penso que ela deve nos trazer sempre algo de positivo, como em Antígona de Sófocles, em que podemos entrar em contato com algumas idéias importantes, como: 1) Há leis eternas que estão acima de qualquer lei humana, feita por qualquer tirano; 2) A tirania resulta em derrota; 3) Numa sociedade em que os que deveriam falar se calam, é necessário haver alguém com pulso firme e com ousadia, para honrada e destemidamente combater a tirania; e 4) Quem se levanta contra a tirania sozinho está sujeito a padecer gravemente, mas é melhor isso que a corrupção e o medo (Antígona será comentada em outra postagem). Enfim, Machado era muito hábil com as palavras, mas, no que li dele, não nos trazia algo de verdadeiramente positivo. Por isso, e talvez por outras coisas também, a leitura não me agrada.
Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente
Nesta peça em versos métricos, o humanista Gil Vicente nos traz um quadro em que há duas barcas à beira de um rio, uma para o paraíso, outra para o inferno. Dentro da primeira há um anjo e dentro da segunda o diabo. Com muito humor e moralismo, personagens típicos da sociedade medieval, como o fidalgo e o religioso, vão chegando junto à barca do paraíso para ir ao céu; todos se acham no direito de entrar nela; todos são mandados sem rodeios para a barca do inferno, na qual o diabo zomba e gargalha (hihihihiihi), fazendo seus trocadilhos infames. O único personagem que vai direto para a barca do inferno e não se julga digno do paraíso é o Parvo. Por isso mesmo e pela sua inocência, ele é o único a ir ao paraíso, juntamente com alguns cavaleiros que aparecem mais para o fim da obra.
Próximas impressões:
- Vidas Secas / Graciliano Ramos
- A oração da Coroa / Demóstenes
- Auto da Lusitânia / Gil Vicente
Impressões anteriores:
- 200 sonetos / Camões
- Discurso do Método / René Descartes
- O plano de Deus para a vitória / Rushdoony
Machado de Assis
A leitura desse livro é pesada, mas nela fica evidente a destreza da pena de um grande escritor. Machado de Assis sabia lidar com as palavras: frases curtas, sentenciosas, ambíguas, misteriosas, estilo senecano. Contudo - aqui muitos discordarão e eu lhes peço paciência - , Machado de Assis não é o tipo de leitura que me agrada. É um texto pessimista, que critica severamente, talvez, que expõe as mazelas da sociedade da época, talvez, mas que acaba por não nos trazer um ensinamento ou uma lição útil, positiva e verdadeira para nós. Platão já dizia que imitar o vício é fácil, mas a virtude não. O que Machado faz é imitar os vícios de uma sociedade corrompida e desvirtuada, caindo num pessimismo muito grande, porque não anuncia, literariamente que fosse, nenhuma saída. Em Machado, muita coisa é ambígua, muita coisa é misteriosa, muita coisa é imprecisa, o que acaba por nos deixar num vazio ao final das obras. Com certeza, há o prazer na leitura literária, mas penso que ela deve nos trazer sempre algo de positivo, como em Antígona de Sófocles, em que podemos entrar em contato com algumas idéias importantes, como: 1) Há leis eternas que estão acima de qualquer lei humana, feita por qualquer tirano; 2) A tirania resulta em derrota; 3) Numa sociedade em que os que deveriam falar se calam, é necessário haver alguém com pulso firme e com ousadia, para honrada e destemidamente combater a tirania; e 4) Quem se levanta contra a tirania sozinho está sujeito a padecer gravemente, mas é melhor isso que a corrupção e o medo (Antígona será comentada em outra postagem). Enfim, Machado era muito hábil com as palavras, mas, no que li dele, não nos trazia algo de verdadeiramente positivo. Por isso, e talvez por outras coisas também, a leitura não me agrada.
Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente
Nesta peça em versos métricos, o humanista Gil Vicente nos traz um quadro em que há duas barcas à beira de um rio, uma para o paraíso, outra para o inferno. Dentro da primeira há um anjo e dentro da segunda o diabo. Com muito humor e moralismo, personagens típicos da sociedade medieval, como o fidalgo e o religioso, vão chegando junto à barca do paraíso para ir ao céu; todos se acham no direito de entrar nela; todos são mandados sem rodeios para a barca do inferno, na qual o diabo zomba e gargalha (hihihihiihi), fazendo seus trocadilhos infames. O único personagem que vai direto para a barca do inferno e não se julga digno do paraíso é o Parvo. Por isso mesmo e pela sua inocência, ele é o único a ir ao paraíso, juntamente com alguns cavaleiros que aparecem mais para o fim da obra.
Próximas impressões:
- Vidas Secas / Graciliano Ramos
- A oração da Coroa / Demóstenes
- Auto da Lusitânia / Gil Vicente
Impressões anteriores:
- 200 sonetos / Camões
- Discurso do Método / René Descartes
- O plano de Deus para a vitória / Rushdoony
sábado, 12 de dezembro de 2009
Rápidas impressões sobre livros lidos em 2009 [1]
200 sonetos
Luis Vaz de Camões
Os sonetos de Camões são obras primas da poesia. Nesses 200 sonetos pude perceber o quão tristonhos e sofridos eles são. Camões insistentemente retorna aos temas do desconcerto do mundo, da perda do grande amor e da irrevogabilidade do destino, dentre outros, tendo como palavras-chave "Fortuna", "Amor", "Razão", "Céu", "Ventura", etc. Pude notar também que Camões fala bastante de coisas relacionadas a água, como mar e rio, o que, muito possivelmente, tem por fonte a própria vida do autor, que perdeu a sua amada Dinamene em um naufrágio. Notifique-se também que Camões se utilizava bastante da mitologia greco-romana e, quanto à forma, de expressivas antíteses de termos e de idéias.
Discurso do Método
René Descartes
Famosa obra filosófica em que o autor lança as bases do racionalismo ocidental, buscando estabelecer um método pelo qual o homem pudesse conhecer toda a verdade, inclusive a sua própria existência. O método se divide, grosso modo, em quatro níveis: 1) Não aceitar nenhuma proposição como verdadeira sem que ela se apresente tão evidente e clara que não haja motivo para duvidar. 2) Dividir os problemas mais difíceis de se compreender em partes tão pequenas quanto o necessário. 3) Conduzir as investigações de forma crescente, começando sempre do que é mais fácil e elementar e prosseguindo, conforme a compreensão é fundamentada e acrescida, para os níveis mais complexos. 4) Estabelecer definições e conceitos tão gerais e completos dos quais não possa duvidar de haver incluído todo o necessário neles. Destaque-se que Descartes, embora propusesse colocar todo o conhecimento ainda não fundamentado em dúvida até que se lhe estabelecesse, não enunciava a necessidade de pôr todo esse conhecimento de uma vez em dúvida, mas, pelo contrário, as alterações epistemológicas deveriam ser graduais, como quando alguém reforma uma cidade prédio por prédio e não demolindo todas as casas de uma só vez.
O plano de Deus para a vitória: o significado do pós-milenismo
R.J. Rushdoony
Nesse livro Rushdoony critica forte e, por vezes, agressivamente as vertentes teológicas cristãs pré-milenista e amilenista. Para ele, os que acreditam que Jesus pode vir a qualquer hora buscar a sua igreja levam uma vida desinteressada nos âmbitos cultural e social, não combatendo neles. Para o pós-milenismo, nenhum poder será dado a Satanás e o Reino de Deus será estabelecido na terra quando o cristianismo verdadeiro se impuser, pelo esforço dos cristãos, em todas as áreas da sociedade. Apesar da veemente crítica, Rushdoony não apresenta nenhuma razão necessária que evidencie a veracidade do pós-milenismo e a falsidade do pré-milenismo e do amilenismo.
Próximas impressões:
- Memórias Póstumas de Brás Cubas / Machado de Assis
- Auto da Barca do Inferno / Gil Vicente
Luis Vaz de Camões
Os sonetos de Camões são obras primas da poesia. Nesses 200 sonetos pude perceber o quão tristonhos e sofridos eles são. Camões insistentemente retorna aos temas do desconcerto do mundo, da perda do grande amor e da irrevogabilidade do destino, dentre outros, tendo como palavras-chave "Fortuna", "Amor", "Razão", "Céu", "Ventura", etc. Pude notar também que Camões fala bastante de coisas relacionadas a água, como mar e rio, o que, muito possivelmente, tem por fonte a própria vida do autor, que perdeu a sua amada Dinamene em um naufrágio. Notifique-se também que Camões se utilizava bastante da mitologia greco-romana e, quanto à forma, de expressivas antíteses de termos e de idéias.
Discurso do Método
René Descartes
Famosa obra filosófica em que o autor lança as bases do racionalismo ocidental, buscando estabelecer um método pelo qual o homem pudesse conhecer toda a verdade, inclusive a sua própria existência. O método se divide, grosso modo, em quatro níveis: 1) Não aceitar nenhuma proposição como verdadeira sem que ela se apresente tão evidente e clara que não haja motivo para duvidar. 2) Dividir os problemas mais difíceis de se compreender em partes tão pequenas quanto o necessário. 3) Conduzir as investigações de forma crescente, começando sempre do que é mais fácil e elementar e prosseguindo, conforme a compreensão é fundamentada e acrescida, para os níveis mais complexos. 4) Estabelecer definições e conceitos tão gerais e completos dos quais não possa duvidar de haver incluído todo o necessário neles. Destaque-se que Descartes, embora propusesse colocar todo o conhecimento ainda não fundamentado em dúvida até que se lhe estabelecesse, não enunciava a necessidade de pôr todo esse conhecimento de uma vez em dúvida, mas, pelo contrário, as alterações epistemológicas deveriam ser graduais, como quando alguém reforma uma cidade prédio por prédio e não demolindo todas as casas de uma só vez.
O plano de Deus para a vitória: o significado do pós-milenismo
R.J. Rushdoony
Nesse livro Rushdoony critica forte e, por vezes, agressivamente as vertentes teológicas cristãs pré-milenista e amilenista. Para ele, os que acreditam que Jesus pode vir a qualquer hora buscar a sua igreja levam uma vida desinteressada nos âmbitos cultural e social, não combatendo neles. Para o pós-milenismo, nenhum poder será dado a Satanás e o Reino de Deus será estabelecido na terra quando o cristianismo verdadeiro se impuser, pelo esforço dos cristãos, em todas as áreas da sociedade. Apesar da veemente crítica, Rushdoony não apresenta nenhuma razão necessária que evidencie a veracidade do pós-milenismo e a falsidade do pré-milenismo e do amilenismo.
Próximas impressões:
- Memórias Póstumas de Brás Cubas / Machado de Assis
- Auto da Barca do Inferno / Gil Vicente
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
A paz com Deus
Aos Romanos 5:1
"Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;"
I
No texto escolhido para a exposição, Deus, através do apóstolo Paulo, nos ensina verdades importantíssimas para a nossa vida. E verá o leitor, talvez com desgosto, talvez com prazer, mas com certeza com proveito, como a fé é séria, a justificação necessária e a paz imprescindível.
Após dissertar sobre a ira de Deus, a impenitência dos judeus e a justificação pela fé, Paulo nos afirma, concluindo, no capítulo 5 da carta Aos Romanos, versículo 1, que o ser humano é justificado pela fé. Daí nós podemos tirar dois ensinamentos imprescindíveis e totalmente necessários.
Em primeiro lugar, todos quantos creram em Jesus Cristo são justificados. Isso implica no fato de que antes da fé, essas mesmas pessoas eram injustas, não cumprindo, portanto, a lei e estando todas sujeitas às punições consequentes. Os homens, antes da fé, eram injustos e voluntariamente praticavam as coisas opostas à lei, merecendo como qualquer criminoso as punições cabíveis, que, no caso da lei de Deus, convergem para uma só pena: a morte. Entretanto, os homens que creram foram justificados, tendo, pois, toda a sua condenação, a sua pena de morte, aniquilada.
Em segundo lugar, essa justificação é pela fé. A fé não é material, é invisível e espiritual, nascida no interior mais profundo do indivíduo. A fé não é obra, nem o que eu faço, de modo que podemos destacar um grande ensinamento bíblico para nós: nós não cremos porque somos justificados, mas somos justificados porque cremos. Entre uma e outra idéia vão uma distância e uma diferença muito grandes. Se cremos porque somos justificados, a nossa justiça vem antes da fé e, assim, alcançamos a salvação de nossas vidas pelas obras de justiça que houvéramos praticado. Mas a Bíblia não nos diz isso. Pelo contrário, ela nos afirma que somos justificados porque cremos: a fé veio antes da justificação e não foi, portanto, pelas nossas boas obras que fomos salvos, mas unicamente por Deus, porquanto até mesmo a fé vem de Deus. Somos justificados porque cremos e cremos porque ouvimos a Palavra de Deus. Dessa maneira, foi Deus quem produziu em nós a fé, por isso cremos, por isso somos justificados.
Outra verdade que Paulo afirma é que, portanto, temos paz com Deus. Nós não apenas estamos em paz, porque estar pode ser passageiro, mas nós temos e, logo, possuímos a paz perpétua com Deus. E o que é paz senão a ausência de conflito e a inexistência de guerra entre uma parte e outra? Ter paz com Deus significa não ter entre mim e Deus nenhum conflito e nenhuma guerra. Tudo está certo agora. Mas ter paz agora significa que antes da fé nós vivíamos em conflito e em guerra com Deus. Como dois exércitos que se enfrentam, nós estávamos do lado oposto a Deus, éramos seus inimigos e a nossa face estava voltada contra o Senhor Supremo do universo e o Todo Poderoso Rei. Lutávamos contra o próprio Deus e tínhamos toda a sua ira contra nós, pronta para desabar sobre nossos corpos. Mas agora estamos do lado de Deus, tendo paz com Ele; e por quê? "por nosso Senhor Jesus Cristo" Paulo diz.
Jesus Cristo levou sobre si todas as nossas iniquidades, todos os nossos pecados e todas as nossas enfermidades; o castigo que era para nós Ele levou sobre si e foi moído por causa dos nossos erros. Isso significa que toda a ira de Deus, que nos esmagaria, foi descarregada sobre o seu próprio Filho para que nós sobrevivêssemos. Ninguém além de Jesus poderia tomar essa atitude, ninguém senão Jesus era capaz de nos tornar amigos de Deus, aplacando o ardor da condenação e desfazendo-a. Cristo foi punido em nosso lugar, mesmo sem ter pecado nenhum. E para quem acha que o Pai tomou uma atitude muito terrível para com o Filho, o próprio Jesus se ofereceu e cumpriu amorosamente todo o propósito de Deus. Assim, porque Cristo Jesus foi dilacerado em nosso lugar, temos paz com Deus e somos justificados pela fé em Jesus Cristo.
II
Se eu terminasse por aqui, a mensagem transmitida poderia parecer simplesmente um sermão bonito e uma história de grande valor literário. Mas para que se levante os olhos desses pensamentos pequeninos e se enxergue as reflexões grandiosas desses termos bíblicos para a inteligência nossa, façamos logo uma aplicação.
Quem não é justificado pela fé não tem paz com Deus. Quem não tem paz está em guerra. Quem está em guerra com Deus tem toda a Sua esmagadora ira sobre si. Quem está sob a ira de Deus está sujeito ao inferno e quem está sujeito ao inferno e não passa a crer em Jesus Cristo vai para o inferno. É necessário crer em tudo o que a Bíblia diz que Jesus é e em tudo o que ela afirma que Jesus fez. Quem despreza isso rejeita duplamente, porque trata com desprezo o próprio Deus e o penoso sacrifício de Jesus Cristo. Se a pena dos crimes deve ser proporcional aos mesmos, sendo o juiz, qual sentença você daria para aquele que despreza o próprio Deus e todo o seu amor?
Até o fim da primeira parte, esta mensagem poderia parecer simplesmente bonita, agora ela exige uma atitude tua. Como ouvi uma vez, é melhor que o pecador saia triste com o seu pecado do que alegre com o pregador. Se você crer em Jesus Cristo, será justificado e terá paz com Deus; se não crer, permanecerá injusto e seguirá em guerra contra o Deus Todo Poderoso, pela tua própria escolha. Portanto, quero que você reflita seriamente sobre o que foi dito; e escolha a paz.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Pronunciamento do senador Magno Malta sobre enquete a respeito do PLC 122/2006
Enquente:
"Você é a favor do PLC 122/06, que torna crime o preconceito contra homossexuais?"
Total de votos: 465.326
Resultado:
Sim: 48,46%
Não: 51,54%
Leia abaixo o discurso contundente do senador Magno Malta sobre a enquente.
"[...]
O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR – ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, hoje, à tarde, houve uma oitiva da CPI da Pedofilia, que ouviu o DJ Malboro, no caso que o envolve no abuso de uma criança de quatro anos em Belo Horizonte. Precisávamos ouvi-lo e, hoje, determinamos que a psicóloga que atende a CPI vai ouvi-lo também, assim como vai voltar a ouvir a criança. E deliberamos que devemos trazer aqui um grupo – vamos convidar o grupo do Ministério Público que começou o trabalho de depoimento sem dano no Brasil e que é do Rio Grande do Sul – para nos ajudar nessa questão, em um caso que se tornou absolutamente emblemático. Esse rapaz é uma figura pública, conhecida, é um DJ de certa forma famoso. Nós o ouvimos hoje e tomamos essas deliberações e também a deliberação de voltar ao Estado do Pará, ao Estado do Senador Nery. A partir de terça-feira, estaremos em Macapá, no Amapá, com um quórum qualificado, com a CPI no Estado do Senador Papaléo, para ouvir uma série de pessoas, para fazer oitivas ali.
Encerro minha fala, registrando um protesto e uma denúncia que fiz hoje e que protocolei, mandando-a ao Presidente desta Casa. Colocou-se uma enquete no site do Senado sobre o PL nº 122, que é maldoso, mal-conduzido, e que conduz as pessoas ao erro. Todo o mundo sabe que esse PL nº 122 é enigmático, problemático. Trata-se de assunto que vem demandando muita polêmica, mas é tão claro de ser resolvido, porque já está na Constituição.
A discussão não é sobre homossexualismo, sobre as posições que as pessoas tomam na vida – o homem é aquilo que ele decide ser. A discussão é sobre discriminação. É crime discriminar. O Brasil precisa se educar, ninguém tem de discriminar homossexual, como não se pode discriminar negro, nem índio, nem preto, nem branco, nem portador de deficiência. Cada qual segue seu caminho. Mas não dá para se criar um império.
Na verdade, o substitutivo da Senadora foi só alguma coisa que passou uma tinta, mas o básico lá ficou. Por exemplo, de acordo com o que está lá, nem uma manifestação podem fazer os espíritas, por exemplo, no Evangelho segundo Kardec, sobre a questão do homossexualismo, como também não podem fazê-lo os muçulmanos, os hinduístas, os budistas, os católicos, os evangélicos. Eles têm de rasgar suas Bíblias, porque, se tocarem nessa questão, eles serão criminalizados.
E há também a questão da orientação. É um projeto de lei que cria problemas familiares: os pais não se podem meter na orientação sexual dos filhos. Isso está no substitutivo.
Colocaram no site do Senado uma pesquisa assim: “Você é a favor de discriminar homossexuais?”. Ora, Sr. Presidente, isso é tendencioso. Minha pergunta ao Presidente da Casa e à Casa é a seguinte: quem é que toma conta do setor de pesquisa desta Casa? Quem deu a ele a deliberação para fazer essa pesquisa? Quem mandou fazer essa pesquisa, com que orientação? Com quem ele falou?
Se as partes interessadas foram chamadas, nós não o fomos. Nós não fomos chamados. Eu não fui chamado, ninguém foi chamado.
Quem formulou essa pergunta? Com que intenção?
Recebi centenas de e-mails de pessoas contra esse projeto, dizendo: “Não, votei a favor, porque não sou a favor de discriminação”. Eu também votaria assim.
O que acontece, Sr. Presidente, é que, quando comecei a falar, quando fomos despertados para essa tal pesquisa – e ninguém foi para ela despertado –, já estava lá o placar de 45 a zero. Começamos a chamar a atenção dos Srs. Senadores e da sociedade como um todo.
Agora, pasme, Sr. Presidente: quando começamos a trabalhar e quando subiu essa votação que se encerrou ontem – e as pessoas que são contra o PL nº 122 venceram essa pesquisa; pasme, Sr. Presidente! –, no sábado à tarde, a pesquisa foi retirada do site do Senado.
Esta é minha pergunta ao Presidente do Senado: há funcionário mexendo no Prodasen no sábado? O Prodasen funciona no sábado? Alguém opera o Prodasen no sábado, ou o Prodasen estava sendo operado do lado de fora, Senador Marco Maciel?
A pesquisa sumiu! Depois de um determinado tempo, ela voltou, e o número dos votos a favor tinha subido. Pasme o senhor, Senador Mão Santa: 11h30 de domingo, sumiu novamente. E sabe o que entrou no site? A seguinte pergunta: “O que você está achando do novo site do Senado?”.
Isso é uma piada? O Prodasen, por acaso, pode ser operado de fora? Há alguém que trabalha domingo, operando o site do Senado, ou ele estava sendo operado de fora? Claro que ele estava sendo operado de fora. Quem violou esse sistema? Quem opera o site do Senado pelo lado de fora pode muito bem operar contrato ou qualquer coisa aqui dentro.
Então, essas são as minhas perguntas, as minhas inquietações.
E ao entregar a pesquisa que o responsável disse que...
O SR. VALTER PEREIRA (PMDB – MS. Fora do microfone.) – Responsável ou irresponsável?
(Interrupção do som.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR – ES) – Diz bem o Senador Valter Pereira: “Responsável ou o irresponsável?”. Ele disse que só entregaria o resultado na sexta-feira. Eu disse ao meu Chefe de Gabinete: “Diga a ele que eu vou fazer uma denúncia agora”. Resolveu entregar na mesma hora o resultado e pôs lá que houve alguns problemas técnicos no site quando quinhentas mil pessoas já haviam votado. Escreveu isto: quinhentas mil pessoas. E sabe com quantos votos foi encerrada a votação? Com 443 mil pessoas. Cadê essas quinhentas mil que já tinham votado?
Será que as pessoas querem aprovar um projeto desse, Senador Marco Maciel, criando esse tipo de mecanismo? Ele ir parar na CDH já foi uma manobra nojenta feita na Comissão de Assuntos Sociais.
Fica a minha denúncia. Eu espero que o Presidente Sarney apure responsabilidades. Eu quero convocar esse rapaz na CDH, responsável por essas pesquisas, para que ele responda todas essas perguntas que fiz aqui – quem mandou fazer a pesquisa; qual foi o método; quem o orientou a fazer essa pergunta.
Veja bem: “Você é a favor de discriminar o homossexual?”. V. Exª, que é representante da CNBB, vai dizer: “Não, eu sou contra o PL nº 122”. O que teriam de colocar na pesquisa? Deveriam perguntar: “Você é a favor ou contra o PL nº 122?”. Depois, acionando um link, a pessoa poderia ver como é o projeto no todo. Deveriam perguntar: “Você é a favor ou contra...“ Até porque a sociedade já sabe do que trata o PL nº 122. Mas a pergunta, induzindo ao erro, era feita assim: “Você é a favor da discriminação dos homossexuais?”. Claro que eu não sou, eu votaria sim. É crime discriminar! O indivíduo segue o seu caminho, é decisão pessoal.
No último dia antes do recesso parlamentar do ano passado, queriam votar por acordo de líderes, com sete Senadores, às 5h30 da manhã, encerrando a madrugada. O Senador Demóstenes acordou-me para o fato, chamou-me até à mesa e vi que lá estavam as assinaturas de sete líderes que assinaram desavisados, sem saber o que estavam assinando. O Senador Arthur Virgílio, indignado, riscou sua assinatura, bem como, indignados, riscaram suas assinaturas os Senadores Casagrande, Valdir Raupp e Cafeteira. Não concordavam, mas, naquele bolo de final de ano, propuseram votar por acordo de líderes. Assinaram. Deram a eles para assinar sem lhes dizer o que estavam assinando.
Pois bem, isso é triste, é lamentável! Não precisamos de nada mais do que respeitar as pessoas. Agora, também não é necessário usar os deficientes físicos, os velhos, os índios, os negros e as crianças, colocá-los no bojo de um projeto para mascará-lo e aprovar o interesse dos homossexuais.
Sr. Presidente, eu lamento. Espero ser respondido rapidamente nas perguntas e questionamentos que fiz.
Fica clara uma coisa, Senador Valter: se o Prodasen estava sendo operado pelo lado de fora às 11h30 do domingo, quando saiu do ar e em seguida voltou, se ele estava sendo operado de fora no sábado... Todas as vezes que, na pesquisa, o número das pessoas contrárias subia, ele desaparecia, e depois entrava a pergunta: “O que você está achando do novo site do Senado?”. Que piada é essa? Se ele pode ser operado pelo lado de fora, qualquer coisa pode ser feita aqui dentro a partir do lado de fora.
Esse sistema foi violado? É a minha pergunta, Sr. Presidente. E faço isso em nome de uma sociedade que votou, que derrubou, mesmo com essa indução, com essa pergunta programada para induzir as pessoas, mesmo assim, venceram aqueles que são contra o PL nº 122. Estou indignado, entristecido com esse comportamento, com o modo como foi feita essa pesquisa, que foi tirada do ar “n” vezes no final de semana.
[...]"
(Fonte: Agência do Senado, nesta página)
"Você é a favor do PLC 122/06, que torna crime o preconceito contra homossexuais?"
Total de votos: 465.326
Resultado:
Sim: 48,46%
Não: 51,54%
Leia abaixo o discurso contundente do senador Magno Malta sobre a enquente.
"[...]
O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR – ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, hoje, à tarde, houve uma oitiva da CPI da Pedofilia, que ouviu o DJ Malboro, no caso que o envolve no abuso de uma criança de quatro anos em Belo Horizonte. Precisávamos ouvi-lo e, hoje, determinamos que a psicóloga que atende a CPI vai ouvi-lo também, assim como vai voltar a ouvir a criança. E deliberamos que devemos trazer aqui um grupo – vamos convidar o grupo do Ministério Público que começou o trabalho de depoimento sem dano no Brasil e que é do Rio Grande do Sul – para nos ajudar nessa questão, em um caso que se tornou absolutamente emblemático. Esse rapaz é uma figura pública, conhecida, é um DJ de certa forma famoso. Nós o ouvimos hoje e tomamos essas deliberações e também a deliberação de voltar ao Estado do Pará, ao Estado do Senador Nery. A partir de terça-feira, estaremos em Macapá, no Amapá, com um quórum qualificado, com a CPI no Estado do Senador Papaléo, para ouvir uma série de pessoas, para fazer oitivas ali.
Encerro minha fala, registrando um protesto e uma denúncia que fiz hoje e que protocolei, mandando-a ao Presidente desta Casa. Colocou-se uma enquete no site do Senado sobre o PL nº 122, que é maldoso, mal-conduzido, e que conduz as pessoas ao erro. Todo o mundo sabe que esse PL nº 122 é enigmático, problemático. Trata-se de assunto que vem demandando muita polêmica, mas é tão claro de ser resolvido, porque já está na Constituição.
A discussão não é sobre homossexualismo, sobre as posições que as pessoas tomam na vida – o homem é aquilo que ele decide ser. A discussão é sobre discriminação. É crime discriminar. O Brasil precisa se educar, ninguém tem de discriminar homossexual, como não se pode discriminar negro, nem índio, nem preto, nem branco, nem portador de deficiência. Cada qual segue seu caminho. Mas não dá para se criar um império.
Na verdade, o substitutivo da Senadora foi só alguma coisa que passou uma tinta, mas o básico lá ficou. Por exemplo, de acordo com o que está lá, nem uma manifestação podem fazer os espíritas, por exemplo, no Evangelho segundo Kardec, sobre a questão do homossexualismo, como também não podem fazê-lo os muçulmanos, os hinduístas, os budistas, os católicos, os evangélicos. Eles têm de rasgar suas Bíblias, porque, se tocarem nessa questão, eles serão criminalizados.
E há também a questão da orientação. É um projeto de lei que cria problemas familiares: os pais não se podem meter na orientação sexual dos filhos. Isso está no substitutivo.
Colocaram no site do Senado uma pesquisa assim: “Você é a favor de discriminar homossexuais?”. Ora, Sr. Presidente, isso é tendencioso. Minha pergunta ao Presidente da Casa e à Casa é a seguinte: quem é que toma conta do setor de pesquisa desta Casa? Quem deu a ele a deliberação para fazer essa pesquisa? Quem mandou fazer essa pesquisa, com que orientação? Com quem ele falou?
Se as partes interessadas foram chamadas, nós não o fomos. Nós não fomos chamados. Eu não fui chamado, ninguém foi chamado.
Quem formulou essa pergunta? Com que intenção?
Recebi centenas de e-mails de pessoas contra esse projeto, dizendo: “Não, votei a favor, porque não sou a favor de discriminação”. Eu também votaria assim.
O que acontece, Sr. Presidente, é que, quando comecei a falar, quando fomos despertados para essa tal pesquisa – e ninguém foi para ela despertado –, já estava lá o placar de 45 a zero. Começamos a chamar a atenção dos Srs. Senadores e da sociedade como um todo.
Agora, pasme, Sr. Presidente: quando começamos a trabalhar e quando subiu essa votação que se encerrou ontem – e as pessoas que são contra o PL nº 122 venceram essa pesquisa; pasme, Sr. Presidente! –, no sábado à tarde, a pesquisa foi retirada do site do Senado.
Esta é minha pergunta ao Presidente do Senado: há funcionário mexendo no Prodasen no sábado? O Prodasen funciona no sábado? Alguém opera o Prodasen no sábado, ou o Prodasen estava sendo operado do lado de fora, Senador Marco Maciel?
A pesquisa sumiu! Depois de um determinado tempo, ela voltou, e o número dos votos a favor tinha subido. Pasme o senhor, Senador Mão Santa: 11h30 de domingo, sumiu novamente. E sabe o que entrou no site? A seguinte pergunta: “O que você está achando do novo site do Senado?”.
Isso é uma piada? O Prodasen, por acaso, pode ser operado de fora? Há alguém que trabalha domingo, operando o site do Senado, ou ele estava sendo operado de fora? Claro que ele estava sendo operado de fora. Quem violou esse sistema? Quem opera o site do Senado pelo lado de fora pode muito bem operar contrato ou qualquer coisa aqui dentro.
Então, essas são as minhas perguntas, as minhas inquietações.
E ao entregar a pesquisa que o responsável disse que...
O SR. VALTER PEREIRA (PMDB – MS. Fora do microfone.) – Responsável ou irresponsável?
(Interrupção do som.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR – ES) – Diz bem o Senador Valter Pereira: “Responsável ou o irresponsável?”. Ele disse que só entregaria o resultado na sexta-feira. Eu disse ao meu Chefe de Gabinete: “Diga a ele que eu vou fazer uma denúncia agora”. Resolveu entregar na mesma hora o resultado e pôs lá que houve alguns problemas técnicos no site quando quinhentas mil pessoas já haviam votado. Escreveu isto: quinhentas mil pessoas. E sabe com quantos votos foi encerrada a votação? Com 443 mil pessoas. Cadê essas quinhentas mil que já tinham votado?
Será que as pessoas querem aprovar um projeto desse, Senador Marco Maciel, criando esse tipo de mecanismo? Ele ir parar na CDH já foi uma manobra nojenta feita na Comissão de Assuntos Sociais.
Fica a minha denúncia. Eu espero que o Presidente Sarney apure responsabilidades. Eu quero convocar esse rapaz na CDH, responsável por essas pesquisas, para que ele responda todas essas perguntas que fiz aqui – quem mandou fazer a pesquisa; qual foi o método; quem o orientou a fazer essa pergunta.
Veja bem: “Você é a favor de discriminar o homossexual?”. V. Exª, que é representante da CNBB, vai dizer: “Não, eu sou contra o PL nº 122”. O que teriam de colocar na pesquisa? Deveriam perguntar: “Você é a favor ou contra o PL nº 122?”. Depois, acionando um link, a pessoa poderia ver como é o projeto no todo. Deveriam perguntar: “Você é a favor ou contra...“ Até porque a sociedade já sabe do que trata o PL nº 122. Mas a pergunta, induzindo ao erro, era feita assim: “Você é a favor da discriminação dos homossexuais?”. Claro que eu não sou, eu votaria sim. É crime discriminar! O indivíduo segue o seu caminho, é decisão pessoal.
No último dia antes do recesso parlamentar do ano passado, queriam votar por acordo de líderes, com sete Senadores, às 5h30 da manhã, encerrando a madrugada. O Senador Demóstenes acordou-me para o fato, chamou-me até à mesa e vi que lá estavam as assinaturas de sete líderes que assinaram desavisados, sem saber o que estavam assinando. O Senador Arthur Virgílio, indignado, riscou sua assinatura, bem como, indignados, riscaram suas assinaturas os Senadores Casagrande, Valdir Raupp e Cafeteira. Não concordavam, mas, naquele bolo de final de ano, propuseram votar por acordo de líderes. Assinaram. Deram a eles para assinar sem lhes dizer o que estavam assinando.
Pois bem, isso é triste, é lamentável! Não precisamos de nada mais do que respeitar as pessoas. Agora, também não é necessário usar os deficientes físicos, os velhos, os índios, os negros e as crianças, colocá-los no bojo de um projeto para mascará-lo e aprovar o interesse dos homossexuais.
Sr. Presidente, eu lamento. Espero ser respondido rapidamente nas perguntas e questionamentos que fiz.
Fica clara uma coisa, Senador Valter: se o Prodasen estava sendo operado pelo lado de fora às 11h30 do domingo, quando saiu do ar e em seguida voltou, se ele estava sendo operado de fora no sábado... Todas as vezes que, na pesquisa, o número das pessoas contrárias subia, ele desaparecia, e depois entrava a pergunta: “O que você está achando do novo site do Senado?”. Que piada é essa? Se ele pode ser operado pelo lado de fora, qualquer coisa pode ser feita aqui dentro a partir do lado de fora.
Esse sistema foi violado? É a minha pergunta, Sr. Presidente. E faço isso em nome de uma sociedade que votou, que derrubou, mesmo com essa indução, com essa pergunta programada para induzir as pessoas, mesmo assim, venceram aqueles que são contra o PL nº 122. Estou indignado, entristecido com esse comportamento, com o modo como foi feita essa pesquisa, que foi tirada do ar “n” vezes no final de semana.
[...]"
(Fonte: Agência do Senado, nesta página)
Assinar:
Postagens (Atom)