sábado, 1 de novembro de 2008

Erros e racionalidade - Ciência, Naturalismo e Evolucionismo

Idéia errada é pensar que a ciência é onipotente. Ela é incapaz de provar muitas coisas, que, ao acreditarmos, somos racionais. Como argumentou o filósofo cristão Dr. William Lane Craig em um debate com o cientista ateu Dr. Peter Atkins, a ciência não pode provar verdades lógicas e matemáticas, porque seria petição de princípio; verdades metafísicas, tais quais "existem outras mentes além da minha", "o mundo exterior a mim é real", "o universo foi criado há mais de cinco minutos", etc; juízos de valor, certo e errado, bom e mau, Hitler fez coisas horríveis; juízos estéticos, como belo e feio; e a própria ciência, pois está permeada de suposições, como a base da teoria da relatividade. "Toda a teoria", diz Craig, "depende da suposição de que a velocidade da luz é uma constante, em uma direção, entre quaisquer dois pontos A e B. Mas estritamente, isso não pode ser provado; nós simplesmente temos de admitir isso, a fim de manter a teoria."

Há diversas coisas que a ciência não pode provar. Então, dizer que algo não é verdadeiro simplesmente porque não foi provado cientificamente é um grande erro.

Outro erro, e esse gravíssimo, é pensar que a crença em Deus é algo totalmente irracional, ligado tão somente a sentimentos e a um querer acreditar em algo. O filósofo cristão norte-americano Alvin Plantinga, em artigo denominado, em português, "O argumento evolucionista contra o naturalismo", mostra a incompatibilidade entre as duas correntes presentes no título e ainda evidencia que acreditar no naturalismo é irracional, porque ele oferece um elemento invalidador da confiabilidade em toda e qualquer crença humana.

Basicamente, o evolucionismo fala de Seleção Natural. Comportamento adaptativo, sobrevivência, reprodução são as tônicas da Seleção. O evolucionismo não fala nada sobre a veracidade ou falsidade de crenças, de modo a não importar se a crença é falsa ou verdadeira. O importante é o comportamento adaptativo voltado para a sobrevivência e perpetuação da espécie.

O naturalismo, por sua vez, diz não haver um Deus Criador, tendo tudo surgido, se surgiu, ao acaso, sempre aleatoriamente.

Um ponto-chave para a compreensão é: nós que acreditamos em Deus, sabemos que Deus nos deu capacidades cognitivas, como percepção, memória e razão, a fim de podermos encontrar certos pensamentos verdadeiros. Por exemplo, pela razão eu entendo que 2+2 = 4. A minha razão vai dizer que é falso 2+2 = 19. Portanto, a minha razão me proporciona encontrar certos pensamentos verdadeiros.

Para o evolucionismo, se a crença é verdadeira, bem, se falsa, bem também. O importante é o comportamento adaptativo. O naturalismo diz que não há Deus. Logo, por esta corrente, não fomos criados por uma Pessoa que nos deu capacidades cognitivas visando encontrássemos certos pensamentos verdadeiros. Darwin teve uma grande dúvida: se um macaco raciocinasse, como confiar em suas conclusões?

Se, como crê o naturalismo, não fomos criados e não recebemos cognição a certo ponto confiável, resta que as nossas crenças, todas elas, tem 50% de serem verdadeiras e 50% de serem falsas, número insuficiente para a confiabilidade. Assim, não há, pelo naturalismo, como crer racionalmente em alguma coisa, porque eu não tenho nem 1% a mais de chance de estar certo em minha crença. Racional seria, nesta ótica, duvidar de tudo, isto é, ser agnóstico. Contudo a razão está sendo posta em xeque, de maneira que eu acreditar que a melhor opção, a mais racional, é ser agnóstico também não é confiável, porque é crença.

Indo além, o naturalismo oferece um elemento para se duvidar do próprio naturalismo. Ele é auto-refutante. Fala contra si próprio. Porque o naturalismo é uma crença - encare aqui a palavra "crença", não no sentido religioso, mas no fruto da conclusão do raciocínio. Sendo o naturalismo uma crença, e ele próprio oferecendo a dúvida para todas as crenças, o naturalista tem firmes motivos para abandonar o naturalismo, porque não há, por esta visão, como acreditar em nada. Ser naturalista e, portanto, ateu é irracional.

É possível ser evolucionista e crer em um Criador, porque, pela lógica, Deus pode ter criado as coisas com a propriedade de evoluir e ter deixado a criação andar com as próprias pernas. Não admito tal visão; é anti-bíblica; é falsa; mas dentro da lógica evolucionista é coerente. Assim esse Criador da evolução poderia ter colocado no ser humano faculdades cognitivas confiáveis. O naturalismo, contudo, rejeita totalmente a existência de Deus e, portanto, que o Criador nos deu faculdades cognitivas confiáveis. Logo, se não posso confiar em minha razão para nada, é inútil raciocinar acerca do assunto que for, visto que o raciocínio é produto da razão e, sempre, o seu final é uma crença.

Parece-me que o naturalismo propõe, por inferências, que abandonemos a razão e sejamos como animais irracionais.

Por finalização, quero dizer que Plantinga termina o seu artigo "Evolução versus naturalismo" desta forma:

"A conclusão óbvia, como assim me parece, é que o naturalismo evolucionista não pode sensatamente ser aceito. Os altos sacerdotes do naturalismo evolucionista proclamam em altas vozes que o cristianismo e mesmo a crença teísta está falida e que é ridícula. O fato, entretanto, é que a mesa virou. É o naturalismo evolucionista, e não a crença cristã, que não pode ser racionalmente aceito." [trecho retirado do blog Apologia - www.apologia.com.br]


(Rouver Júnior)

PS: O vídeo do debate de Craig e Atkins pode ser encontrado no blog Apologia - www.apologia.com.br - ou no link http://www.youtube.com/watch?v=0_TLzIR2ptM

Um comentário:

br1no disse...

''Há diversas coisas que a ciência não pode provar. Então, dizer que algo não é verdadeiro simplesmente porque não foi provado cientificamente é um grande erro''.
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Dizer que DEUS não existe é um grande erro.